Evite contratar seguros embutidos sem real necessidade

Em um mercado cada vez mais digital e conectado, ofertar proteções adicionais diretamente na jornada de compra se tornou rotina. Você sabia que muitos consumidores acabam contratando serviços que não precisam?
O que é seguro embutido?
Seguro embutido, também conhecido como "embedded insurance", consiste na integração de proteções securitárias a produtos ou serviços de terceiros. Essa modalidade permite que o cliente aceite coberturas extras em um único clique, muitas vezes sem leitura prévia de condições ou custos.
Exemplos comuns incluem a oferta de garantia estendida ao adquirir eletrodomésticos, seguros prestamistas em empréstimos e proteções contra fraude em aplicativos financeiros. O objetivo central é oferecer conveniência e agilidade para o consumidor, eliminando etapas burocráticas.
Dados do mercado de seguros embutidos no Brasil
No Brasil, o segmento tem apresentado crescimento expressivo graças à digitalização de processos e novas parcerias entre varejistas, bancos e seguradoras. Confira alguns números:
- Garantia estendida arrecadou R$ 679,3 milhões no 1º trimestre de 2025, alta de 10,4% em relação ao mesmo período de 2024.
- Em 2024, o mercado de seguros embutidos movimentou cerca de R$ 3,8 bilhões, um aumento de 11% sobre 2023.
Além da evolução tecnológica, fatores como a valorização da durabilidade de bens e o interesse por proteções rápidas ajudam a sustentar esse crescimento.
Onde surgem seguros embutidos?
- Aquisição de smartphones, notebooks e eletrodomésticos (garantia estendida).
- Financiamentos imobiliários e de veículos (seguro MIP, DFI e prestamista).
- Empréstimos pessoais e consignados (seguro prestamista embutido nas parcelas).
- Compra de passagens e pacotes de viagem (seguro viagem automatizado).
Em cada um desses momentos, o valor do seguro pode estar incluso na parcela ou misturado ao preço principal, dificultando a identificação do custo real da proteção.
Riscos e desvantagens de aceitar sem analisar
Embora seja atraente aceitar uma cobertura adicional em um simples clique, é fundamental entender os principais riscos associados ao negócio:
- Venda casada e ilegalidade: tornar obrigatório o seguro para liberar um financiamento viola o Código de Defesa do Consumidor e configura prática abusiva e ilegal.
- Custo adicional disfarçado: valores inflados podem elevar em até 20% o valor total do empréstimo ou da compra, sem que o cliente perceba.
- Cobertura limitada ou inadequada: muitas vezes, a apólice protege apenas riscos básicos, deixando o consumidor desamparado em situações mais graves.
- Falta de clareza e transparência: ausência de informação clara sobre preço, exclusões e condições de acionamento do seguro impõe surpresa na hora da sinistralidade.
Descobrir as exclusões somente no momento de acionar a apólice é um dos maiores transtornos, pois pode causar frustração e prejuízos inesperados.
Exemplos práticos de seguros embutidos
Para ficar atento, conheça algumas modalidades mais frequentes:
- Seguro Prestamista: garante o pagamento do saldo devedor em caso de morte, invalidez ou desemprego do titular.
- Garantia Estendida: prolonga a garantia de fábrica de eletrodomésticos e eletrônicos, geralmente embutida no valor de venda.
- Seguro MIP (Morte e Invalidez Permanente): comum em financiamentos imobiliários, pode não abranger todas as doenças ou acidentes relevantes.
- Proteção Financeira Digital: oferecida por cartões de crédito e apps, engloba serviços de assistência e seguros de roubo/furto.
Quando o seguro embutido pode fazer sentido
Nem toda oferta embutida é prejudicial. Em alguns cenários, ela pode atender às necessidades do consumidor:
Se o valor estiver claramente discriminado, se a cobertura for relevante para o perfil do cliente e se houver possibilidade de direito à recusa do consumidor ou customização, a contratação pode ser justificada.
Em financiamentos de longo prazo, por exemplo, pessoas sem seguro de vida podem se beneficiar do seguro prestamista transparente, evitando a pulverização de custos ocultos.
Como avaliar antes de aceitar um seguro embutido
Para tomar decisões conscientes, siga estes passos:
- Verifique se a contratação é realmente obrigatória. Questione o fornecedor e consulte o Código de Defesa do Consumidor.
- Leia o resumo da apólice atentamente, avaliando cobertura, exclusões e valores cobrados.
- Compare alternativas no mercado: muitas vezes, apólices independentes oferecem proteções superiores por preço menor.
- Peça detalhamento dos custos para entender a proporção de valor paga exclusivamente pelo seguro.
Essas práticas permitem identificar rapidamente se há falta de transparência ou condições vantajosas em outras ofertas.
Legislação e direitos do consumidor
O Código de Defesa do Consumidor é claro ao proibir práticas de venda casada e exigir consentimento expresso para inclusão de seguros. A falta de informação pode gerar ações judiciais e até ressarcimento de valores pagos indevidamente.
Confira a seguir um resumo das principais normas e suas consequências:
Ao entender seus direitos, o consumidor fica mais preparado para recusar ofertas inadequadas e evitar prejuízos financeiros.
Em um mercado em expansão rápida, a atenção aos detalhes faz toda a diferença. Avalie cada oferta de seguro embutido com critério, priorize clareza e transparência, e só aceite aquilo que, de fato, agrega valor à sua experiência de compra.